Sobre incertezas e homens mais velhos
- Yilan Ruh
- 10 de nov. de 2018
- 2 min de leitura
Atualizado: 2 de out. de 2023

Eu saí com um homem mais velho. Bem mais velho. Tão velho que poderia ser meu pai, se não fosse, naquele momento, meu amante. Foi um encontro um tanto curioso, um desenrolar, de certo modo, natural, e também surpreendente da noite. Havia decidido sair sozinha após levar um "bolo" de um colega. Entre permanecer em casa deprimida ou sair sozinha, pus um vestido justo (o primeiro que usava em 6 ou 7 anos) e fui.
Ele dizia a cada poucos minutos que me odiava. Eu ria, pois sua fala era um tanto curiosa pra quem estava tentando uma companhia pra aquecer sua cama em um dia frio. Ele dizia que me odiava porque era muito fácil se apaixonar por mim, que desgracei sua cabeça e que ele estava angustiado com a possibilidade de que eu jamais pisasse naquele bar novamente, pois temia ter me assustado. Sempre me surpreendo com a insegurança dos homens.
Tínhamos ritmos diferentes. Não houve uma sincronia. Ele, apesar de ter um jeito um tanto grosseiro, me tratou como uma princesa. Estava embevecido demais: todos os homens do bar olhavam com inveja quando passávamos. Ah, os homens e seus brinquedos, ou neste caso, troféus. Apesar do incômodo em ser objetificada, uma parte minha também se envaidecia em ser o objeto de desejo de tantos.
Pela manhã nos despedimos. Ele dizia que estava louco porque não me compreendia e que eu era a garota mais confusa que ele conheceu em toda a sua vida. Fazia perguntas para as quais eu ainda não tinha respostas. Eu respondia com diversos "talvezes" e "não seis", deixando-o ainda mais confuso que eu mesma. Mas agora tenho, e falo sobre elas aqui.
Eu estruturei a minha vida de modo tão rígido, metódico, que fiquei presa nesta forma. Eu estou me libertando, estou aprendendo a metamorfosear. Pela primeira vez na minha vida, eu aceito a indeterminação da minha existência, eu aceito estar em um certo lugar de não-saber. Pela primeira vez eu sustento a angústia de ser só uma abertura de possibilidades de sentido, de existência. Eu não tenho respostas concretas acerca de nada, pois hoje mesmo, um evento aleatório pode abalar todas as minhas certezas. Ou um carro me completar, pois hoje sei que a completude verdadeira só se dá na morte. Então vamos aproveitar a noite (Carpe Noctem!) e deixar as certezas para os deuses e para os tolos?
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