Sobre boas meninas e algo mais
- Yilan Ruh
- 13 de dez. de 2018
- 1 min de leitura
Atualizado: 16 de dez. de 2018

Eu sempre tentei fazer a linha "menina boazinha". O problema é que eu não sou uma menina boazinha. Eu sou uma menina má.
Minha mãe me repreendia com frequência durante a infância. Me chamava de geniosa e dizia que eu tinha uma língua afiada. Nós discutíamos constantemente e, em alguns momentos, ela erguia suas mãos, ameaçando me estapear. Eu a desafiava: dizia que se ela o fizesse, eu sumiria de tal modo que ela teria de mandar a policia e a cidade inteira me buscar. Ela baixava as mãos: sabia que eu era uma criança meio louca, e se dava por satisfeita em apenas me xingar.
Eu nunca aceitei um simples não, de quem quer que fosse. Eu odeio respostas curtas, vazias de significado e odeio duas vezes mais as pessoas rasas que normalmente as tem engatilhadas na ponta de suas línguas de réptil.
Eu gosto do jogo do desejo, dos olhares e do flerte. Gosto da sedução e de corpos quentes, cheirando a café, cigarro, álcool e balas. Cheirando a experiencias, cheirando a tesão pela vida. Gosto de ouvir visões de mundo, sonhos e como era o casamento dos pais de pessoas alheias. Me apaixono pelas possibilidades que se apresentam diante de todos nós.
Queriam que eu fosse uma boa menina, mas eu sou uma demônia. Me queriam Eva, mas nasci Lilith.
Comments