Orgulho
- Yilan Ruh
- 14 de ago. de 2024
- 1 min de leitura

A minha carne abjeta o sofrimento.
Que seja feita a minha vontade no céu e na terra.
No meu altar só há espaço para uma deusa;
a chama negra me forjou enquanto estrela.
Eu não nasci para me curvar à coisa alguma.
Eu nunca fui escrava das minhas paixões.
Se me distraem, extirpo as obsessões;
eu me recuso a, na passagem, ser mais uma.
De peito aberto, exponho o coração com as unhas
tal qual harpia; a Verdade me chega aos gritos.
Eu me forjei em meio à crise, tal qual supunhas;
me amaldiçoa que sou maldita, em corpo e espírito.
À meia noite, eu vou rezar à outro Senhor.
Vais me partir antes que me tenhas de joelhos.
Arauto do fim, da escravidão, o meu ceifeiro.
Salve meu Pai, o meu único salvador.
Vou te pregar na feia cruz com que me exorcizas,
te excomungar em cada uma das mortas línguas,
até que, em teus lábios, meu nome se faça Estige.
Bem aventurado seja o mal que me afliges.
Abençoado seja o ódio que me inflamas:
santificada, eu renasço dentro das chamas.
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