Lacrimae Salicis
- Yilan Ruh
- 21 de ago.
- 1 min de leitura

Vem, meu amor, à sombra chorosa,
do salgueiro curvado em pranto.
Nele se aninha minh’alma saudosa,
nele repousa meu desencanto.
Salgueiro e eu, no mesmo sofrer,
choramos juntos até morrer.
Vendo meu fado, vendo meu canto,
vendo o que resta do meu destino,
dou-te meu sangue, rubro e santo,
toda a dor que traçou meu caminho.
Que importa a dor em que o mundo jaz,
Se em teu silêncio repouso em paz?
Minhas vestes, tingidas em prata,
são como ramos na escuridão;
caem em prantos que o vento espalha,
caem em folhas do coração.
E se o mundo ousar me julgar,
é só por ti que hei de chorar.
Sob o salgueiro, no inverno frio,
minha saudade se enrosca, nua,
cada lamento que em sombra, envio,
é eco da alma, buscando a tua.
E quanto mais sua rama tombar,
mais junto a ti eu vou me entregar.
Se entre salgueiros me vires caída,
não chores tanto, que estarei rindo,
pois dei por ti minha pobre vida,
e em tua sombra me vou sumindo.
E quando a morte vier me colher,
entre salgueiros hei de florir.
Em teu nome hei de viver,
em teu silêncio hei de cair.
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