Masturbação
- Yilan Ruh
- 10 de out. de 2024
- 1 min de leitura

Sob a pálida luz que invade a alcova,
na penumbra, o silêncio me atravessa,
a alma vagueia, vazia, feito cova,
e o corpo, de desejos, se obsessa.
Oh, doce ilusão de amor desfeito,
em cada toque, uma lágrima, um suspiro.
O prazer é eco de um sonho imperfeito
e o coração se arrefece, de tão frio.
Tremem os dedos, em busca do afago,
que o amor ausente não pôde ofertar,
e na solidão, o prazer, amargo,
é reflexo do querer que já não há.
Mãos errantes no cemitério do espírito
buscando no corpo o que falta ao seio.
Mas o êxtase, arauto do suplício,
relembra a falta e sobeja o desespero.
Oh, masturbação, consolo de amante ausente,
és a sombra de um amor que se refugia
na nostalgia do encontro perene
com a idealização do que existiu, um dia.
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