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Flor de aço III

  • Foto do escritor: Yilan Ruh
    Yilan Ruh
  • 16 de abr.
  • 1 min de leitura



Vez ou outra eu queria ser botão,

fechado em mim, intocado, pequeno,

longe do frio que me alcança pelo chão,

abrigada do que me lança ao vento.


Mas o tempo não me dá escolha.

Fiz-me caule sob o céu sem cor.

Chuva e dor tingiram-me a folha,

cada espinho, o rastro de um desamor.


Brotei na aridez de um chão sem abrigo,

desejei o orvalho que nunca veio.

O Sol, uma lâmina; o vento, castigo —

mas não me curvei sob o desprezo.


Eis-me aqui: raiz que rompe o asfalto,

desabrochando, abro fendas e espaços.

A dor me ergueu do fundo do cadafalso.

Eu nasci flor, mas fiz minhas pétalas de aço.


Não mudaria nenhum caminho,

pois cada um moldou quem hoje sou.

Se a vida me fez flor entre espinhos,

que eu floresça onde ela me plantou.


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