Fatum
- Yilan Ruh
- 10 de jul.
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Há eras me perdi — dissolvida na névoa dos relógios calados,
e por um suspiro fúnebre, julguei ser o fim de mim.
Mas o Inverno, em voz trêmula, sussurrou entre galhos cansados:
“Nada é acaso, coração exausto... era teu fado, sim.”
As folhas não tombam por fraqueza — oh, jamais!
Curvam-se como vestais ante o altar do destino.
Há cura no sangue quente do dragão que jaz,
e nenhum lamento ecoa em vão no divino.
Meus passos — errantes, partidos — seriam guiados,
por um deus exausto ou por minha alma ferida?
Há tanto... oh, há tanto, não sentia, de fato,
o que agora me invade — sem que eu peça guarida.
Três crepúsculos longe do néctar que me entorpecia.
Vejo a lua esvair-se — exílio sereno — para o sol enfim brilhar.
Aceitei: o que morreu precisava morrer naquele dia,
e só sangra... porque ousou me fazer desabrochar.
Sou tecida de madrugadas que nunca souberam findar,
de outonos que renunciaram à doce promessa da primavera.
Mas se respiro — mesmo entre dores a me devorar —
é porque o Tempo, em sua lira sombria, me guardou para esta Era.
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