Eucaristia Pagã
- Yilan Ruh
- 8 de mai.
- 1 min de leitura

Vem… com a boca entreaberta de desejo,
lança tuas chamas sobre meu martírio.
Me toma, sem pudor, sem cortejo:
me faz altar, oferenda e sacrifício.
Me invade— sou outono e lamento,
me guia à noite onde a alma se despe.
Sou penumbra, sou corpo em tormento,
rosa negra que ao abismo floresce.
Me possui com a lentidão da morte,
com a devoção dos que amam o precipício.
Sou mártir, sou febre, sou o corte —
vem ser minha cruz, espada e suicídio.
Come… minha carne, entre suspiros,
me devora com a fome dos condenados.
Bebe… meu sangue em goles vampíricos,
faz de mim a redenção dos teus pecados.
Vem... despido de moral e nome santo,
traz o abismo nos quadris, nas mãos.
Me recita em gemido, em pranto,
faz de mim o teu cântico pagão.
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