Estamos quase
- Yilan Ruh
- 9 de out. de 2018
- 1 min de leitura
Um passo, outro passo e mais outro. Música nos fones. Sigo em frente. O medo me gela os ossos. Em que esquina os brasileiros perderam a humanidade? Me obrigo a respirar. Me obrigo a continuar caminhando.
Sento na orla. Que linda está a Baía de Guanabara. Linda como sempre. Acendo um cigarro. Música nos fones. Oh, céus, é Gallowdance, eu amo Gallowdance! Talvez porque estejamos mesmo dançando a dança da forca enquanto não somos pendurados?
Conto os passos. São três. A morte está tão perto. As ondas me convidam. Quanto tempo até encontrarem meu corpo? Estará ele muito deteriorado? Dizem que os corpos lançados ao mar ficam irreconhecíveis. Me arrepio de pavor. Mas ainda assim eu anseio por pular.
Me parece um dia bonito para morrer. Sempre quis morrer em um dia assim: cinzento, chuvoso. Reflexo de minha alma.
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