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Espelhos

  • Foto do escritor: Yilan Ruh
    Yilan Ruh
  • 21 de nov. de 2024
  • 1 min de leitura



Sob o véu da beleza efêmera e fria,

paira a alma que clama por mais.

Entre olhares que roçam tua superfície,

ela busca o que nunca lhe dão: a paz.


Tua face, teu corpo, tua estrutura,

atraem amores vazios, sem raiz.

E no âmago, onde habita o silêncio,

o coração pulsa frustrado, infeliz.


Por que a olham, se não a veem?

Por que a querem, se não a conhecem?

Ela rejeita o encanto que a carne traz,

e abomina a violência que a persegue.


Anseia por olhos que cruzem o espelho,

que vejam as sombras, as luzes, os vãos;

o que os vermes não podem devorar,

o que fica após, despida, a ilusão.


E ela sustenta a tua fachada, cuidadosa.

Enrijece a carne, o sorriso, a postura,

cobre os olhos, os cabelos, os contornos;

oculta todos os resquícios de doçura.


E enquanto a vela, a lua, em meia-sombra,

promete à noite sempre ser fiel.

Pois só nas trevas sente-se inteira,

protegida de mais um olhar cruel.


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