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Cigarro

  • Foto do escritor: Yilan Ruh
    Yilan Ruh
  • 23 de abr. de 2024
  • 1 min de leitura



Cê sabe o quanto eu te curto assim, deitado,

só porque cê é [meu (bem)] maior que eu.

Eu me agiganto com você, assim, por baixo.

Você gemendo e eu sorrindo, assim, de canto.


Você tem cheiro de noites mal dormidas

e eu perco o sono com o enroscar de nossos corpos.

É que cê sabe espantar meus pesadelos;

a minha paz chega com a porra dos teus beijos.

Tô viciada:

o teu corpo,

é o meu desejo.


O teu beijo tem gosto de cigarro.

Que tesão do caralho!

Lá fora cê abre a minha porta do carro,

aqui cê me puxa, me aperta, me empurra.

Largamos a delicadeza

jogada no chão do quarto,

junto com as nossas roupas,

as vergonhas

e os sapatos.


Me desfaço,

me refaço,

tua boca,

em cada traço,

em cada curva.

Estou desnuda

de corpo e alma:

me desbrava

o teu olhar.


Me desfaz,

me refaz,

tua língua,

teu pincel,

vou pro inferno,

vou pro céu.

Me faz musa.

Estou confusa.


Eu vou rezar, assim, de quatro.

O meu terço

hoje é teu falo!

O nosso deus, hoje, é o prazer,

eu vou pintar, de branco,

o templo.


Me traga no teu peito,

faz de mim, esse cigarro,

que eu te trago

pra dentro de mim.


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