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Boneca II

  • Foto do escritor: Yilan Ruh
    Yilan Ruh
  • 14 de mai.
  • 1 min de leitura


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Tento esquecer o que sei —

a memória costura de volta.

Danço nos cacos do meu próprio ser:

meu corpo partido. Estou morta.


Vestido rodado, coração de papel,

costuras abertas nos pulsos, nas coxas.

A minha doçura tem gosto de fel,

escorre, vermelha, nos cantos da boca.


Janus, descuidado, vela meu sono

como um padre bêbado em procissão.

Vomito promessas, cuspo demônios,

enfeito, com pregos, meu próprio caixão.


Me dizem bela, e eu já quero fugir.

No escuro, sou chama; na luz sou ninguém.

Meus lábios costurados — eu nunca vou reagir.

Meus gritos, guardados no bolso de alguém.


E quando encaram meus olhos de vidro,

não veem quem eu sou — só o que enredei.

Me atam em sonhos com cordas de mito;

a alma que tenho, no escuro, ocultei.





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