Boneca
- Yilan Ruh
- 18 de fev.
- 1 min de leitura

Sou taça trincada, sou vinho esquecido,
sou riso pintado, que encanta e distrai.
Me tomam nos braços, me deixam caído,
brinquedo quebrado, que nunca reage.
Sou alívio que dura o tempo de um gole,
sou promessa eterna, que o dia desfaz.
Hoje sou vida, amor, e me escolhem
mas sei que amanhã eu serei nunca mais.
Me dizem bela, e já quero fugir.
No escuro, sou chama; na luz, sou ninguém.
Exposta no vidro, sem voz, sem reagir,
boneca esquecida na prateleira de alguém.
E quando encaram meus olhos de vidro
não veem o que sou, mas o que inventei.
Me vestem de sonho e me deixam no frio;
a alma que tenho, no escuro, eu guardei.
Comments