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Bom dia, angústia

  • Foto do escritor: Yilan Ruh
    Yilan Ruh
  • 8 de out. de 2018
  • 1 min de leitura

Atualizado: 9 de out. de 2018



Hoje acordei e tudo estava cinza. A manhã, escura, refletindo a desesperança. O céu parecia prestes a chorar. O compreendi e quis abraçá-lo, do alto de sua imensidão. Afinal, eu mesma tenho passado os últimos dias chorando também.

Tentei me levantar, tentei me (re)erguer. Senti o peso no estalar dos ossos. Os músculos doloridos de tensão. A dor da alma refletindo no corpo. Há quantos dias não me exercito? Há quantos dias não como direito?

Fiz um café, fervendo para contrastar com o frio que eu sentia. Talvez na ínfima esperança de trazer um pouco de calor a este corpo solitário. O café, minha bebida favorita, não tinha gosto algum. Queria outro corpo aqui para me aquecer. Para me abraçar e dizer "shhh, vai ficar tudo bem". Mesmo que eu saiba que é mentira. Me sinto uma criança implorando por colo.

Voltei para a cama. Busquei quaisquer pílulas para dormir. Faltei minhas aulas. Não parecia fazer sentido estudar a subjetividade dos grupos neste momento. Não parecia fazer sentido estudar qualquer coisa. Não parecia fazer sentido ficar acordada. A própria existência não parecia fazer sentido.

Toco tudo através de uma redoma de vidro. Estou desconectada. As vozes na rua não parecem ter corpo. A própria realidade me parece irreal. Meu corpo é pó ao sol do deserto. Me sopre, me sopre para longe. Quero sentir algo, qualquer coisa.

Hoje acordei e tudo estava cinza. Mas tudo bem. Em breve ficará vermelho. O sangue escorrendo pelas ruas para comemorar as nossas falhas. Nós falhamos enquanto seres humanos.

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