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A falta

  • Foto do escritor: Yilan Ruh
    Yilan Ruh
  • 5 de nov. de 2018
  • 1 min de leitura

Atualizado: 2 de out. de 2023



Eu sinto falta da complexidade. Sinto falta de alguém que queira arrancar não só as minhas roupas, mas as minhas máscaras. E que me deixe arrancar as suas.

Eu sinto falta da complexidade. Sinto falta de alguém que queira foder não só meu corpo, mas me despedaçar inteira. Foder minha mente, invadir meus sonhos, tirar meu sono. Me fazer baixar a guarda, me deixar vulnerável como uma garotinha.

Eu sinto falta da complexidade. Sinto falta de toques quentes. Sinto falta de não afagar muralhas, entrelaçar línguas, puxar cabelos, através de cercas de arame farpado.

Eu sinto falta de tocar cicatrizes, de ouvir suas histórias. De beijar lágrimas e ver suas resistências caírem uma a uma ante meu abraço. De discutir a existência de deuses, a grandeza do universo e o próprio sentido da existência.

Sinto falta de quem diga não só o que quero e espero ouvir. De quem ouse fazer enfrentamentos. De quem saiba dizer mais que o quanto sou bonita, ou gostosa, ou criar apelidos para não trocar meu nome. De fumar um cigarro mesmo não sendo fumante, de beber mesmo não sendo alcoólatra; de me submeter mesmo não sendo submissa. De quem desperte meu interesse por experimentar o que está além dos meus limites.

Sinto falta de coisas que talvez sejam irreais. Espero que não sejam.


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