Leoa
- Yilan Ruh
- 20 de ago. de 2024
- 2 min de leitura

Não me atrasa, que eu tô sem tempo, mano.
Cê é menino e eu não sou tia de creche.
Leão anda com leão, Lassie com Lassie.
Eu rujo; não me intimida cê rosnando.
Eu tô ocupada, tô no corre, na labuta;
não tenho tempo pra tuas merdas, teu joguinho.
Pega o carrinho e vai brincar no parquinho.
Tu vai e vem, tá achando que eu sou tuas putas.
Cê sabe que o que não me falta é gana
e tudo o que eu quero, eu faço acontecer.
Eu tô gostosa, diplomada, fazendo grana,
mas acontece que eu não quero mais você.
O que não falta é macho querendo me foder.
Cê não entendeu que homem pra mim é acessório:
não é essencial, mas se me adianta, eu gosto.
Anda comigo quem comigo quer viver.
O meu amor não cabe em um quarto;
ele transborda, eu sou feita de oceano.
Pro limitado, talvez pareça meio insano.
O coração do leão é maior que o do rato.
Amor romântico não é mais central pra mim;
da felicidade, construí a minha referência.
O amor dos meus nutre a minha resistência.
Quero sorrisos, poemas e flores de jasmim.
Cê só me oferta caos e ansiedade e
pica nenhuma vale a minha paz de espírito.
Eu vou embora se tentar apagar meu brilho;
eu quero gozo com parceria e liberdade.
Saí da lama e não me assusta estar de volta:
eu floresci onde várias deterioraram.
Há algum tempo atrás já me enterraram
e às gargalhadas, eu cuspi a terra da cova.
Cê não consegue amar sem subjugar.
Tentou destruir tudo que achou bonito.
Mas hoje a leoa não vai morar no circo.
Não adianta, na tua jaula, não vou entrar!
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