Gula
- Yilan Ruh
- 16 de set. de 2024
- 1 min de leitura

Ansiosa, aguardo a passagem das horas
para o encontro, à meia-luz, em teus portais.
Quando distante, a cor jade, persecutória,
me arde a carne; lembra teu toque voraz.
Me encaminho, com os lábios mordidos,
avermelhada; o desejo me abrasa as faces.
Conto a distância, incontrolável a libido.
Zombam de mim as luzes dos onze andares.
Mas já me esperas antes que eu bata à porta.
Do ascensor, vejo: escapa a luz do meu destino.
À tua figura, hipnótica, sou absorta;
me enlaçam a cintura, os braços fortes, e desatino.
Me caem as vestes quando miro teu sorriso
e te enrijeces quando vês os meus contornos.
Ante teus beijos, eu desaguo, feito rio
e, em confluência, me inundas, em retorno.
Me enleva o teu olhar enluarado
quando, em êxtase, te elevo, em sintonia.
Com avidez, te devoro, cada pedaço;
antropófaga, imersa em glutonaria.
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