Boneca
- Yilan Ruh
- 23 de nov. de 2019
- 1 min de leitura
Atualizado: 2 de out. de 2023
Habito a Tua prateleira
com meu rostinho delicado.
Talvez eu seja o presente caro
que você comprou pra si;
ou, antes, furtou,
do seio de outra criança infeliz.
Que seja feita a Tua vontade
Nosso Senhor Onipotente!
Aqui habito, estou presente
em Teus domínios performáticos;
minha existência condicionada
ao Teu fetichismo doentio.
Adorne Teu mundo comigo,
me exiba aos teus amigos e
t
a
l
v
e
z
ninguém perceba
os arames enfiados em minha boca,
curvando o bonito sorriso,
que Você me impele a exibir,
ou o sangue carmesim,
escorrendo entre os meus dentes,
transvestido em batom.
Me ponha sentada e eu ficarei
imóvel;
sua boneca preferida.
Afinal, embaixo desse bonito vestido
de cetim,
roxo como as bolsas
embaixo de meus olhos, fundos;
roxo como as manchas
que colorem minha pele
empalidecida;
pendem minhas pernas
inutilizadas
pelo medo que eu tenho
de Você.
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